Esse é um projeto de posts sobre ateliês e artesãos, artistas…. Nele além de fotos e vídeos do ateliê para você se sentir um pouco lá também, fazemos uma entrevista, sempre as mesmas perguntas a todo artesão. Vamos lá?
Ateliê Juliana Chagas
Formada em Artes Plásticas pela Santa Marcelina, em São Paulo, sua cidade natal, já teve um ateliê compartilhado com mais duas amigas, trabalhava nessa época com aquarela e participou de algumas exposições individuais e coletivas. Daí surgiu o interesse em trabalhar com o artesanato, incentivada por um curso de cerâmica. Fez a modelagem das primeiras peças e as pintava com seu estilo único. Foi fornecedora dessas peças para a Tok Stok e participou de feiras como a Craft Design por 11 anos. Sentindo saudades do seu antigo processo criativo e das telas, Juliana se mudou para São Bento do Sapucaí – SP, onde retomou o trabalho artístico, voltando à aquarela. Em seu trabalho atual, ela faz experiências com papel reciclado como base para suas pinturas.
Vamos as perguntas:
Como você definiria sua obra?
JC: Eles são o reflexo das minhas experiências pessoais, que são o contato com a Natureza e admiração por tudo que é natural, como pássaros, flores… Também gosto muito da estamparia. Sempre visando a beleza e a harmonia na composição. Meu trabalho tem uma preocupação estética muito presente. Dentro disso trabalho muito a estamparia e elementos naturais.
Quais os principais problemas que você enxerga no artesanato Brasileiro hoje?
JC: A falta de formação dos artesãos. O artesanato está crescendo e tem também uma tendência à valorização do produto artesanal, mas ainda quando se fala em artesanato, tem-se uma impressão de uma arte menor. Falta um artesanato com mais pesquisa, mais autoria, também sinto que isso já começou a mudar. Que é uma ótima notícia! Se essa tendência se confirmar, o artesanato vai ser mais valorizado.
Dentro da sua resposta; surgiram rumores no ano passado de abrirem uma Universidade de Artesanato. Qual é sua opinião sobre isso:
JC: Eu acho que formação sempre é bom, sempre acrescenta. Lógico que o artesanato tem uma ligação com a tradição, com raízes e isso não deve se perder. Mas dentro dessa formação, isso poderia ser incluído nas pesquisas de tradições artesanais…. tem muita pesquisa para ser feita. Sou a favor.
Você tem algum ritual de trabalho, alguma rotina? E a parte comercial da empresa, etc…. você faz tudo sozinha ou tem alguma assistente?
JC: Tenho uma rotina sim. Pela manhã faço minhas coisas pessoais e a partir das 11h eu vou trabalhar, às vezes fico até anoitecer! Acho importante manter um ritmo de trabalho e não ficar esperando vir a inspiração às vezes você começa a trabalhar e a inspiração vem. Agora sobre a administração, eu já tive ajudantes, tanto na produção quanto na parte administrativa e financeira. Eu ficava mais na criação e na produção, coordenando e produzindo também. Agora eu mesma estou fazendo tudo. O volume é menor então dá pra simplificar.
Qual técnica você tem muita vontade de aprender?
JC: Contraditoriamente a técnica que eu tenho muita vontade de aprender é computação gráfica. Já comecei! Sinto necessidade de trazer as técnicas artesanais para o computador e dele de volta para o artesanato. Acho que dá um samba legal ai!
Qual seria para você a função do artesanato no mundo?
JC: É tornar o mundo mais agradável, tanto para quem faz o artesanato quanto para quem admira. Para isso serve o artesanato: a Arte, o Belo…. é tornar a vida mais possível. E também manter viva as tradições seja familiar, local ou de um país.
Que pergunta que eu não fiz e que você gostaria de perguntar para outro artesão?
JC: Eu sempre quero saber como esse artesão/artista mostra, expõe seu trabalho. Se é pintura, como é a moldura? Se é um estandarte, usa vergalhão ou outra coisa como suporte? Se é de barro, tem uma base? Sempre fico curiosa pois, como eu trabalho com pintura em papel reciclado, eu sempre me preocupo muito com isso, de como vou mostrar o trabalho, em que moldura, que forma vou apresentá-lo. E também a embalagem. Além de fazer um bom trabalho, você tem que mostrá-lo de uma forma satisfatória e entregar aquilo para quem está adquirindo com zelo.Isso é muito sutil mas creio que faça toda a diferença na hora da venda e e agrega valor aquele objeto.
Onde encontrar o Ateliê Juliana Chagas:
Rua Abade Pedrosa, 88 – Centro – São Bento do Sapucaí
Facebook: /ateliejulianachagas
Instagram: @ateliejulianachagas